Fecho os olhos, para melhor falar, abroos e ergoos para um céu deserto de tudo até da esperança.
E, por isto mesmo, por mais sem razão e sem nexo, o peito que desejaria gritar, fala e balbucia baixinho, ainda que seja inútil o afã de encontrar uma razão para o que vejo.
Minha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro mostrai que sois verdadeiramente mãe de todos artistas caÃdos em desgraça na terra.
Existe um homem que é grande no tocar, existe um sereno e augusto artista que é largo e alto de coração, existe um violonista de nome Francisco Soares de Araújo, que a simplificação da gente achou por bem chamar de Canhoto da ParaÃba.
Minha Nossa Senhora, esta súplica seria inútil se tivésseis a graça de ouvilo, um só minuto. Então, saberÃeis como ele transporta o céu para a brutalidade e para a angústia de todos animais que somos.
Esta prece poderia ser tãosó e somente um insulto à dignidade de Francisco Soares de Araújo, se Canhoto da ParaÃba não se encontrasse no estado e no ânimo em que se encontra.
Sabei, nobre Senhora, sabei que Canhoto se acha numa cadeira de rodas, com a voz falha, e todo lado esquerdo do corpo, e toda a mão esquerda paralisada?
É assim que a providência castiga os bons da alma?
Sabei, Senhora, que canhoto mal falando, a tropeçar nas sÃlabas, que canhoto ainda assim sorri...
Por isto, minha Santa, por isto, Imaculada, já que sois tão poderosa diante de Deus, fulminai para sempre e eternamente com vossos raios a insensibilidade humana.
Porque existe um homem, que um dia foi Canhoto da ParaÃba, que jaz numa cadeira de rodas, em Maranguape.
Sem se queixar e a sorrir...
E, por assim estar, é que machuca o coração da gente.
Texto de Uraniano Mota
Autor da mensagem: Desconhecido
Contribuição: Denise Carreira
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